O Comprador do futuro
Muito se fala sobre o protagonismo do comprador e Compras como área de negócio. Mas na prática ainda há viés muito processual e com pouca participação em discussões de temas estratégicos das organizações. Como será o comprador do futuro?
É verdade que algumas conquistas importantes foram obtidas ao longo das últimas duas décadas. Como por exemplo a centralização das Compras e a percepção de que métodos estruturados de negociação e abordagens comerciais adequadas e especializadas trazem benefícios financeiros, processuais e integridade para as empresas. Apesar disso, estamos bem longe ainda de sermos vistos como facilitadores de negócios e de recebermos convites para discussões sobre: inovações tecnológicas, design de produtos, estratégia de pricing, alianças estratégicas e M&As; estas, conhecidas como agendas estratégicas do negócio. Tudo isso ainda não faz parte da rotina dos profissionais de Compras. Mas dentro da jornada evolutiva nas organizações 4.0, é uma forte tendência para integrar o perfil do comprador do futuro.
Por Fernando Di Sora
O Strategic Sourcing e o gerenciamento de categorias concebidas na década de 90, visando a escolha de fornecedores e o modelo de construção de parcerias estratégicas, devem ser profundamente reformulados. Com a dinâmica dos negócios advindas da economia exponencial, a abordagem das organizações de Compras deve ser mais progressiva. Para, assim, garantir vantagem competitiva, possibilitando a referida posição de destaque dentro das organizações.
Em recente pesquisa feita junto aos principais CPOs do mercado brasileiro, quando perguntados sobre quais são os próximos desafios, muitos citam que em primeiro lugar está a entrega real de valor para as organizações muito além da redução de custos, corroborando com a percepção acima apontada.
Para isso se tornar realidade, é fator-chave que os profissionais de Compras assumam uma postura mais progressiva. Assim, ganharão maior protagonismo para driblar os desafios estruturais no mindset atual das organizações de Compras.
Atualmente muitas organizações estão avançando na adoção de novas plataformas para automatizar processos transacionais. Tais como: RPAs, Inteligência Artificial e Machine Learning. Isso tem levado a uma necessidade de revisão de escopo do trabalho do Comprador do futuro. Muito em breve o foco desse profissional será maior no trabalho estratégico, que não pode ser facilmente automatizado ou transferido aos computadores.
Por onde começar a jornada evolutiva do comprador do futuro?
Sabemos que nem todos os times de Compras serão capazes de fazer essa transição rapidamente. E, que as lideranças precisam focar mais em treinamento, contratação e aquisição dos recursos estratégicos para cumprir suas metas.
As habilidades comportamentais são mais difíceis de adquirir por meio de treinamentos corporativos. Neste caso o velho ditado de “contratar atitude – treinar habilidades” aplica-se ao nosso momento atual. Por exemplo, características como resiliência, criatividade, empatia e tenacidade, são importantes para procurar no perfil do comprador do futuro. Tais fatores tendem a impulsionar a mudança em ambientes de trabalho e culturas cada vez mais complexas e desafiadoras.
Principais habilidades
Nesse sentido, compartilhamos das premissas recentes disponibilizadas pelo último relatório do Fórum Econômico Mundial. Publicado em Outubro do ano passado, o relatório indicou as principais habilidades valorizadas pelas organizações, para a agenda de transformação. A seguir listamos em ordem de relevância:
- Resiliência e adaptabilidade
- Comunicação entre equipes remotas
- Inteligência emocional
- Colaboração multifuncional
- Gestão da mudança
- Gerenciamento do Stress
- Gerenciamento de tempo
- Criatividade
Na dimensão relacionada aos indicadores de performance, embora a proposta de valor de Compras sempre foi baseada em obter mais com menos e, em última análise, a visão e as expectativas da organização sobre como “mais” é definido claramente começaram a evoluir.
Não se trata apenas de maior escopo dentro de um menor custo de aquisição, mas sim de um amplo portfólio de iniciativas de melhorias. Por exemplo, tempo de resposta ao mercado, sustentabilidade/diversidade e impacto na agenda de inovação. E, em muitos casos, ROI.
A evidência é clara: o número médio de prioridades que os times de Compras estão envolvidos está aumentando à medida em que as organizações desdobram a sua estratégia evolutiva rumo à indústria 4.0., assim como a importância relativa geral de cada uma delas. À medida que o papel e as expectativas do CPOs e das organizações de Compras evoluem, as métricas também devem evoluir.
Novas métricas
Com base em nossas referências de mercado, indicamos as novas métricas que devem servir de referência daqui em diante para o atingimento de novos patamares de performance sustentáveis para os times de Compras:
- Savings
- Cost Avoidance
- Otimização do fluxo de caixa/Capital de Giro
- Índice de Satisfação dos Stakeholders
- Eficiência operacional (FTE/Spend em Compras)
- Mitigação de Riscos
- Desempenho dos fornecedores (Pontualidade de entregas, flexibilidade, inovação e qualidade)
- Sustentabilidade e Diversidade
- Incremento da Receita
- Impacto na agenda de Inovação
Assim sendo, nosso entendimento é que o futuro será bastante promissor para as organizações e também para os profissionais de Compras. Porém, desde que saibam se preparar previamente para essa jornada evolutiva que está em curso.
Especialmente quando combinado o entendimento claro das novas competências profissionais, que vão moldar o perfil de atuação dos times de Compras com as suas novas métricas, o futuro desse profissional permitirá a perpetuação de valor de maneira sustentável dentro do seu ambiente de negócios.
Em suma, antecipando este novo ciclo que já se iniciou, a Level Group, sempre comprometida com a capacitação da comunidade de Compras, lançou a NLA – Next Level Academy. Com o propósito de democratizar o ensino de Compras e Supply-Chain no Brasil, na plataforma da NLA, levamos conteúdos exclusivos tanto para os profissionais quanto para as organizações. A capacitação promove certificação profissional através de trilhas de formação, além da entrega de real valor para as organizações através do formato Blended Learning; o qual, através de uma agenda totalmente customizada junto às organizações possibilita o atingimento pleno de melhorias através da elaboração de projetos baseados em casos reais.
